Onze estratégias e cinco vinhos para você ganhar longevidade
Nossa fonte da juventude: os sujeitos que vêm dando rasteira na senhora da foice há 90 anos ou mais Uma ilha no Mar Mediterrâneo. Uma no Mar Egeu. Uma no Mar da China Oriental. Uma península na Costa Rica. Uma cidade no Condado de San Bernardino (EUA). Lugares que parecem ser exóticos. Mas não (só) por isso ganharam fama. Tornaram-se celebridades por esbanjar um valioso recurso natural: longevidade de alta qualidade. São chamados pelos cientistas de Zonas Azuis: lugares onde as pessoas vivem por muito tempo, e bem; várias ultrapassam a casa dos 100 anos na boa – a média de expectativa de vida no Brasil é 73 anos, segundo a Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE). O que mais surpreende os demógrafos, no entanto, vem agora: na maioria das Zonas Azuis, o homem possui quase tanto tempo de vida quanto a mulher. Não é um fato apenas incomum. É inédito para a ciência. Na maior parte do planeta, a mulher morre bem depois que o homem. Aqui, de acordo com o IBGE, a diferença é de oito anos: a expectativa de vida dela é 77 anos e dele, 69. Quais os segredos dos matusaléns modernos? Consultamos pesquisadores e o especialista Dan Buettner, autor do livro The Blue Zones (não lançado em português) e trouxemos as respostas: caminhos para você viver mais, e melhor. SARDENHA, ITÁLIA A longevidade dos sardos pode estar relacionada ao DNA – a ilha da Sardenha fica isolada no Mar Mediterrâneo e tem baixa imigração, então o grupo genético da região é relativamente puro. Mas hábitos sociais de longa data também contribuem, segundo os especialistas: tome a birita certa e exercite a mente para sempre. Brinde com um bom tinto Os sardos entornam dois copos de vinho por dia. “É a bebida que possui maior quantidade de flavonoides – o tinto mais que o branco”, afirma Tamara Mazaracki, médica nutróloga do Rio de Janeiro e membro da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Flavonoides são substâncias que fazem bem ao coração. “O melhor jeito de o seu corpo absorvê-las é pela mucosa da boca.” Saboreie o vinho por alguns instantes antes de engolir e seu benefício será maior. As melhores pedidas para brindar no calor são os tintos que caem bem após serem resfriados na geladeira (confira nossa seleção no box). Nunca se forme “Mesmo na faixa dos 90 anos, os sardos seguem trabalhando”, diz Michel Poulain, demógrafo da Universidade Católica de Louvain (Bélgica). “Na Sardenha não há aposentadoria.” O que não significa que você deve dispensar o benefício do Brasil e continuar no batente até morrer. Aposente-se, mas siga aprendendo. Segundo estudo da Universidade da Califórnia (EUA), quem se sente jovem investe mais em novas habilidades do que quem se acha velho. A aquisição de conhecimentos reforça a vitalidade. Sejam eles quais forem – aprender italiano, a degustar vinhos ou a fazer mágica -, ajudam você a tirar alguns anos da cartola. NICOYA, COSTA RICA A península é o destino mais famoso do país: sedia praias sensacionais do Pacífico. A geografia conspira contra o estresse, ok. Mas o nicoyano esbanja longevidade por mais motivos. Como ele, gaste sua grana no que realmente merece e coma certo. Experimente mais, compre menos A equipe de Luis Rosero-Bixby, diretor do Centro de População da América Central da Universidade da Costa Rica, analisou o sangue de nicoyanos idosos e descobriu que eles possuem telômeros mais longos que a média. Telômeros são extremidades dos cromossomos do DNA que ditam quantas vezes suas células podem se dividir antes de morrer. Estão associados ao prazo da sua vida. Evite o que encurta os telômeros, a começar pelo estresse. Atalho: reoriente seus gastos. Em vez de focar a renda em comprar coisas, privilegie usar o dinheiro para fazer coisas. Segundo pesquisa da Universidade Cornell (EUA), as pessoas se arrependem mais ao lembrar de bens adquiridos – “Por que comprei aquilo?!” – do que ao recordar experiências em que investiram – viagens, festas etc. “Os nicoyanos têm poucos pertences, o que reduz o estresse”, diz Rosero-Bixby. Coma na hora Você ganha em nutrição se consumir frutas e vegetais frescos – como faz o nicoyano. Quando eles ficam armazenados mais de uma semana, perdem as vitaminas C (que evita câncer e envelhecimento) e do complexo B (que mantêm a saúde de tecidos do corpo), aponta pesquisa no Journal of the Sciences of Food and Agriculture, periódico internacional. “O ideal é consumir frutas e vegetais no máximo três ou quatro dias após a compra”, indica Tamara. OKINAWA, JAPÃO A ilha é a província mais pobre do Japão, economicamente falando. Já se o critério é longevidade, fica entre as top: abriga uma das maiores porcentagens de centenários do mundo. Em comparação ao povo da vizinha Fukuoka, o okinawano tem artérias mais saudáveis e níveis de colesterol ruim (LDL) mais baixos. Inspire-se neles para reinventar o menu e socializar mais. Aposte no supertubérculo Há milênios, os okinawanos não mantêm a dieta tradicional do Japão – verduras, arroz e peixe -, famosa por beneficiar a longevidade. Em vez de arroz, usam batata-doce como principal fonte de carboidrato. Ela pode, segundo pesquisa japonesa, diminuir o colesterol e combater inflamações. É rica em potássio (ajuda a regular a contração do coração, dos músculos e o sistema nervoso), vitamina C, carotenoides (protegem o DNA) e fibras (boa para o intestino). Mais: ao contrário da batata comum, não produz pico forte de açúcar no sangue – o que evita que a fome volte logo. Receita deles: cozinhe a batata-doce com açafrão, que combate câncer. Forme seu moai moderno Os japoneses antigos formavam moais, grupos de quatro ou cinco amigos que tinham muita confiança entre si e emprestavam dinheiro ou alimentos uns aos outros. “A prática persiste em Okinawa com um diferencial: moais modernos reúnem-se diária ou semanalmente só para conversar”, diz Poulain. O que hoje é mais sensato, certo? Priorize encontros regulares com os amigos. Seu benefício: segundo estudo da Universidade Drexel (EUA), adultos mais velhos com menos vida social são mais propensos a morrer de doenças cardíacas e câncer. ICÁRIA, GRÉCIA A ilha, no Mar Egeu, é repleta de fontes termais radioativas que, de acordo com os gregos antigos, têm poderes curativos. Mas os verdadeiros segredos dos habitantes de Icária não podem ser medidos com um contador Geiger: esses caras sabem que peixes comer e quando dormir. Vá nessa. Mastigue humor A depressão – problema que encurta a longevidade – é excepcionalmente rara entre os homens de Icária, indica pesquisa grega. Outro estudo da Grécia descobriu que os icários que comem cerca de 312 g de peixe por semana possuem 66% menos chance de desenvolver depressão do que aqueles que consomem menos. Na alimentação dos bem-humorados, consta muita sardinha e tope (um tipo de tubarão). É um menu repleto de ácidos-graxos ômega-3, incluindo EPA e DHA, que aumentam a velocidade de transmissão de substâncias que regulam o humor. Invista nesses peixes e em outros que também são cheios de ômega-3: salmão, arenque, atum. Dois filés por semana está de bom tamanho – cada um costuma ter de 120 g a 150 g. Tire sonecas Após o almoço, vá até o carro e faça uma sesta. Ela é o costume de 84% dos homens mais velhos de Icária – todos com mais de 90 anos -, revela estudo grego. Outro, da Universidade de Atenas (Grécia), mostra que sonecas regulares e de meia hora podem reduzir em 37% mortes ligadas a doença cardíaca. “O cochilo pós-almoço se soma ao sono da noite anterior. Não tira do de hoje à noite”, diz Christopher W. Winter, diretor médico do Centro de Medicina do Sono do Hospital Martha Jefferson (EUA). LOMA LINDA, ESTADOS UNIDOS Como uma cidade próxima de Los Angeles pode ser Zona Azul? Basta povoá-la com Adventistas do Sétimo Dia. Eles vivem sete anos mais que outros moradores, segundo pesquisa da Universidade de Loma Linda. Dois segredos dos longevos: ache ideias parecidas com as suas e relaxe de verdade. Valorize as afinidades Sustento espiritual pode ser importante à longevidade: segundo artigo no periódico internacional Annals of Epidemiology, quem participa de cultos religiosos semanais possui menos chance de morrer nos próximos oito anos que quem nunca participa. Não curte religião? Ok, há como obter o mesmo efeito sem embarcar numa. Encontre-se regularmente com pessoas de mentalidade semelhante à sua, para nutrir sua alma. Realizar trabalho voluntário também faz bem – combate a depressão, de acordo com estudo israelense. Leve o descanso a sério É um hábito dos adventistas: eles reservam um dia da semana só para o repouso. Reexamine seu tempo fora da firma: você está realmente relaxando? Ou engata numa maratona de bares, trabalha em casa e presta serviço de táxi aos filhos? Divida sua agenda. Não precisa guardar um dia inteiro só para o relax – na praia, no sofá, no parque. Um meio dia já funciona para turbinar a vitalidade – que tal uma caminhada ao ar livre?; andar na natureza aos sábados é hábito adventista. Segundo pesquisa no Journal of Environmental Psychology, periódico internacional, caminhar ao ar livre revigora mais que em ambientes fechados. Aproveite os meses de calor e fique mais jovem. Tintos para o verão Para resfriar, procure vinhos de uvas com menos tanino, mais leves, diz José Luiz Alvim Borges, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers. “Isso porque refrigerar um vinho reforça a adstringência.” MH indica… Aurora Pinot Noir (Brasil) 12% A temperamental pinot noir gera um vinho leve mas complexo, irresistível (lembra Sideways, com Paul Giamatti?). Este gaúcho frutado vai bem com carnes e peixes. vinicolaaurora.com.br 18 reais Abel Pinchard Beaujolais-Villages (França) 13% Da célebre região francesa, é feito 100% com uva gamay, o que o deixa com um corpo leve e transparência acentuada. Ótimo para peixes. casaflora.com.br 32,40 reais Monte Velho 2010 (Portugal) 13,5% Ligeiro, feito de cepas alentejanas (trincadeira, aragonez e castelão) não requer pompa para ser degustado. Prepare um bacalhau e saboreie este assemblage frutado e refrescante. qualimpor.com.br 37,60 reais Namaqua Pinotage 2008 (África do Sul) 14% Bastante alcoólico, feito da uva nacional sul-africana, traz muita fruta vermelha no nariz e madeira na boca (recurso que “amacia” um varietal rústico). kmmvinhos.com.br 42 reais Ironstone 2010 Vintage Cabernet Franc (EUA) 13,5% Os americanos são craques em vinhos ligeiros. Da Califórnia, traz o corpo médio e a textura delicada dos cabernet franc, mas muita fruta vermelha no nariz. casaflora.com.br 46,80 reais E o exercício físico? Confira como é a malhação dos moradores das Zonas Azuis e transforme sua rotina Você já viu como centenários comem, bebem, socializam. Agora, leia como eles se exercitam. “Nas Zonas Azuis, as pessoas não costumam ir à academia nem correr maratonas”, diz Leslie Lytle, professor de saúde pública da Universidade de Minnesota (EUA) e codiretor do Projeto de Vitalidade Zona Azul da instituição. “A atividade física faz parte do cotidiano. Os moradores das Zonas Azuis têm ocupações que exigem do corpo, como andar até o mercado [quatro das cinco Zonas Azuis ficam em regiões montanhosas!] ou levar ovelhas para pastar.” Seja mais fisicamente ativo no dia a dia. Exemplos: use a caminhada como meio de locomoção sempre que possível – suba escadas em vez de pegar elevador; vá a pé às lojas do bairro; leve seu cachorro para uma corrida, digna de um pastor da Sardenha. [box style="note"]Fonte: Revista Men's Health http://menshealth.abril.com.br/saude/saude/viva-quase-para-sempre/[/box]

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